Creio que o encanto que o cinema exerce sobre as pessoas vem da possibilidade de fusão de várias experiências, simultaneamente. A imagem é misturada à música e às palavras. Um filme sem diálogos e trilha sonora não faria muito sucesso, se é que alguém se disporia a assisti-lo. Além disso, quase sempre um filme conta uma história, sendo muito comum os roteiros serem baseados em livros. Mas, infelizmente, os grandes clássicos da literatura não produzem bons filmes, salvo honrosas exceções.
Não sou especialista em nenhum dos dois assuntos, mas a impressão que tenho é que para um livro ser uma obra-prima, deve manipular a imaginação do leitor. Nada mais cativante numa obra literária do que aquele sentimento de que a história está sendo completada por aquilo que criamos em nossa mente. Desde a fisionomia dos personagens, suas vozes, os cenários. Tudo deve ser imaginado pelo leitor, por mais minuciosas que sejam as descrições feitas pelo autor.
Já o cinema deixa pouco espaço para o público imaginar, as cenas que são projetadas na tela são completas, ao contrário do texto escrito no papel.
Essa limitação a música não tem. As melodias, harmonias e ritmos atingem outra esfera na mente humana. Atuam sobre um campo abstrato, regido pelas emoções, difícil de descrever em palavras. Quem já tentou explicar uma música ou um estilo musical conhece bem essa dificuldade. Mas a abstração da melodia é completada pela letra, abrindo espaço para que as canções também contem histórias.
Na verdade,as primeiras obras literárias da história nasceram como canções, tais como os poemas de Homero e o Mahabarata, da tradição indiana dos vedas. As primeiras peças de teatro também eram cantadas, talvez uma forma de facilitar aos atores decorarem o texto, numa época em que a escrita era pouco difundida e ainda não existiam impressoras.
O Heavy Metal é um estilo que acolhe muito bem a mistura entre música e literatura. Talvez seja o estilo musical que mais tenha utilizado obras literárias como inspiração para letras, melodias, títulos de músicas e capas de discos.
Seria impossível num artigo citar todas essas ocorrências, então vou mencionar as mais importantes e as melhores adaptações.
Não sou especialista em nenhum dos dois assuntos, mas a impressão que tenho é que para um livro ser uma obra-prima, deve manipular a imaginação do leitor. Nada mais cativante numa obra literária do que aquele sentimento de que a história está sendo completada por aquilo que criamos em nossa mente. Desde a fisionomia dos personagens, suas vozes, os cenários. Tudo deve ser imaginado pelo leitor, por mais minuciosas que sejam as descrições feitas pelo autor.
Já o cinema deixa pouco espaço para o público imaginar, as cenas que são projetadas na tela são completas, ao contrário do texto escrito no papel.
Essa limitação a música não tem. As melodias, harmonias e ritmos atingem outra esfera na mente humana. Atuam sobre um campo abstrato, regido pelas emoções, difícil de descrever em palavras. Quem já tentou explicar uma música ou um estilo musical conhece bem essa dificuldade. Mas a abstração da melodia é completada pela letra, abrindo espaço para que as canções também contem histórias.
Na verdade,as primeiras obras literárias da história nasceram como canções, tais como os poemas de Homero e o Mahabarata, da tradição indiana dos vedas. As primeiras peças de teatro também eram cantadas, talvez uma forma de facilitar aos atores decorarem o texto, numa época em que a escrita era pouco difundida e ainda não existiam impressoras.
O Heavy Metal é um estilo que acolhe muito bem a mistura entre música e literatura. Talvez seja o estilo musical que mais tenha utilizado obras literárias como inspiração para letras, melodias, títulos de músicas e capas de discos.
Seria impossível num artigo citar todas essas ocorrências, então vou mencionar as mais importantes e as melhores adaptações.
Quase todo mundo começa a ouvir heavy metal pelos clássicos. Uma das primeiras surpresas é encontrar um poema de Samuel Taylor Coleridge musicado pelo Iron Maiden na música “Rime of the ancient mariner”. Tanto o poema quanto a música são obras primas imortais da literatura. Aliás, o Iron é uma das bandas mais assíduas no quesito adaptação de obras da literatura, e uma das que faz isso com mais capricho e competência.
“Murders in the rue morgue” é um conto de Edgar Allan Poe. “Stranger in a strange land” é um livro de Robert E. Heinlein. (Aliás, é uma das obras fundamentais do século XX. Pena que a letra da música não tenha muita ligação com a história, parece que Steve Harris gostou mais da sonoridade do título do que do enredo). “To tame a land”, uma das minhas músicas preferidas, é inspirada no best-seller “Duna”, de Frank Herbert. No mesmo disco encontramos “Sun and Steel”, baseada no livro Musashi e “Revelations”, cuja primeira estrofe é um poema que virou hino da igreja anglicana.
Também é impossível falar de literatura e metal sem citar J. R. R. Tolkien, o escritor que mais influenciou o estilo. Sua obra, principalmente o clássico “O senhor dos anéis”, inspirou nomes de bandas (Gorgoroth, Amon Amarth, Burzum, todas palavras presentes nas línguas criadas pelo escritor), álbuns conceituais (“Nightfall in middle-earth” do Blind Guardian, outra obra-prima). Existem até bandas que se dedicam, exclusivamente, a adaptar trechos de histórias de Tolkien.
No Brasil, tivemos a sensacional iniciativa do projeto Hamlet, em que várias bandas se reuniram para cantar a peça mais famosa de William Shakespeare. As letras foram obra do excelente escritor e amigo Adriano Villa, cujo trabalho mereceu menção honrosa em toda a imprensa especializada. Depois disso, Villa contribuiu com a banda Vers Over, que musicou seu livro “A casa de ossos” no disco chamado “House of Bones”.
A influência da literatura também se faz sentir no meu trabalho junto ao Psychotic Eyes. No nosso CD de estréia há a música “Bloody Years Forever”, cuja letra foi retirada do livro “Frankenstein” de Mary Shelley. Esse livro, aliás, parece um dos poucos casos em que uma obra prima da literatura recebeu uma adaptação cinematográfica à altura, no maravilhoso filme de 1994 dirigido e estrelado por Kenneth Branagh.
O arranjo da “Bloody Years Forever” já estava pronto, e já havíamos decidido falar do livro. Mas eu não tinha ainda nenhuma palavra da letra. Sentei-me numa noite insone com o livro original em inglês, à busca de inspiração.
A minha surpresa é que não precisei de nenhum esforço. Várias frases do livro se encaixavam perfeitamente no ritmo e na métrica dos riffs da música. Era como se a letra já estivesse lá, esperando só eu procurá-la entre as páginas. Foram pouquíssimas alterações, e quase nenhuma frase da letra foi criada inteiramente por mim, a maioria são transcrições de narrações e diálogos, tal como estão no texto.
1 comentários:
Estou fazendo um trabalho sobre isso. Muito obrigada por me recordar algumas canções que já havia esquecido!
Keep metalling! hehehe
Postar um comentário