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Entre o radicalismo e a inovação (parte 2)

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Muitas bandas que hoje são consideradas revolucionárias e inovadoras também sofreram com opiniões radicais. Já li entrevistas com o Chuck Schuldiner em que ele contava que, após lançar o Human, eram constantes as acusações de traição, como se ele estivesse tentando colocar elementos mais comerciais e acessíveis no Death. A história provou que ele estava certo, e só queria evoluir no nível técnico, sempre apresentando trabalhos surpreendentes. Tanto que os discos que se seguiram estão, todos sem exceção, garantidos na lista de obras-primas do metal em todos os tempos.

Até o Sarcófago já foi renegado por alguns radicais, só porque usou bateria eletrônica no álbum Hate.Quem ouvir esse disco hoje em dia não vai achar nada de mais, porque várias outras bandas extremas já popularizaram o uso da bateria eletrônica ou "trigada", que usa sons eletrônicos mas não é programada. Mas ai de quem fez isso antes do resto, será sempre associado a uma inovação que é considerada traição para alguns.

Outra banda que a cada disco é acusada de traição é o Samael. Uma vez na faculdade encontrei um cara com a camisa da banda, mas com uma estampa que eu não conhecia. Puxei conversa e perguntei que desenho era aquele. A resposta: "é a capa da primeira demo, porque depois disso eles se venderam". O que o cara falou soou tão absurdo para mim que não tive palavras para continuar a conversa. Numa frase, o sujeito jogou fora discos como Worship Him e Ceremony of Opposites.

Um disco muito polêmico do Samel é o Eternal. Quando saiu, foi impiedosamente esculachado pela crítica e pelos fãs. Eu mesmo torci o nariz, mas hoje, vários anos depois, é o meu álbum preferido da banda. Nem sei porque as pessoas ficaram tão revoltadas, pois basta ouvir os álbuns anteriores para perceber o rumo que a banda estava tomando. Os elementos eletrônicos já estavam no Exodus, as músicas com batidas étnicas já vinham no Passage e os riffs de guitarra meio repetitivos são a cara do Ceremony of Opposites. Junte tudo num disco só e o resultado é o Eternal.

Algumas bandas exageram, como o Paradise Lost, que nunca lançou dois discos no mesmo estilo. O som sempre muda radicalmente em relação ao álbum anterior. As acusações de traição pararam desde o One Second, pois acho que os fãs perceberam que eles nunca iam parar com aquelas mudanças radicais. Também acho que depois de tantos discos polêmicos os fãs mais radicais já tinham desistido da banda e simplesmente pararam de ouvi-la.

Por fim, é necessário lembrar sempre que a palavra "radical" vem de "raiz". Ou seja, significa muito mais alguém que vai à raiz dos problemas ou à raiz dos estilos, do que alguém de cabeça fechada ou sem a possibilidade de repensar as próprias idéias. O metal exige cabeça aberta, principalmente por ser um estilo musical impopular e que tem a ofensa e a contestação como elementos.

Também exige constante evolução, desde que não se renegue o passado. Isso é o que o Metallica fez, e é o que me faz acusá-los de traidores.

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